sábado, 21 de março de 2009

Operação Valquíria - um estudo sobre a história e uma pequena crítica


Afinal, o que vem a ser Valquíria? O título do filme merece um estudo, assim como uma leitura em cima do livro Operação Valquíria: O Complô Contra Hitler do alemão Philipp Freiherr von Boeselager para melhor entendimento do fato ocorrido no final da II Guerra Mundial. Voltemos a pergunta inicial: O que vem a ser Valquíria?

Na mitologia nórdica, as valquírias eram deidades menores, servas de Odin. O termo deriva do nórdico antigo valkyrja (algo como "as que selecionam os mortos em batalha"). As valquírias eram belas jovens mulheres louras de olhos azuis, que montadas em cavalos alados e armadas com elmos e lanças, sobrevoavam os campos de batalha escolhendo quais guerreiros, os mais bravos, recém-abatidos entrariam no Valhala. Elas o faziam por ordem e benefício de Odin, que precisava de muitos guerreiros corajosos para a batalha vindoura do Ragnarok (uma batalha travada entre Deuses que levaria o fim do mundo). Odin também era o Deus da sabedoria na mitologia nórdica. Ele atirou um de seus olhos no poço de Mimir em troca de um gole de sabedoria. Com isso, vale lembrar que Stauffenberg foi ferido na campanha do norte da África quando servia no Afrika Korps, perdendo dois dedos da mão esquerda, a mão direita e o olho esquerdo.

Agora que as Valquírias não são mais nenhum mistério, vamos dar um passo adiante. Seguimos com Die Walküre, ópera do compositor alemão Richard Wagner. Sua estréia ocorreu no Teatro Nacional em Munique em 26 de junho de 1870, antes mesmo do término da ciclo do Anel. Para esta obra, Wagner inspirou-se na lenda nórdica da Saga de Volsunga. A parte mais popularizada é a passagem musical da Cavalgada das Valquírias, que abre a primeira cena do terceiro ato.
Richard Wagner foi um amigo de Friedrich Nietzsche (grande filósofo alemão). Nietzsche passou a visitar Wagner em Tribschen, que não ficava longe da Basiléia. Caracterizou o lugar como seu lar e seu refúgio. Wagner era profundo conhecedor da filosofia de Schopenhauer. Em 1872 é Nietzsche publicao livro "O Nascimento da Tragédia", que começa falando do drama musical grego, onde o dionisíaco se opõe ao apolíneo. O Deus Dionisio (existe também a grafia Dioniso), do vinho e da festa, levava, em seus cultos, à experimentação dramática da existência. Os homens experimentavam a exacerbação dos sentidos, a vertigem e o excesso nos cultos ao Dionisio, o Baco dos romanos. O dionisíaco, é como um apolíneo uma pulsão cósmica, só que de outro tipo. Nela, se aniquila as fronteiras e limites habituais da existência cotidiana. É o prazer da ação, a inspiração, o instinto. A existência cotidiana e dionisíaca são separados um do outro. Mas ao passar a o turbilhão perceptivo do culto a esse Deus, volta-se ao estado normal, deseja-se a vida ascética. Os Deuses gregos eram necessários para esse povo, diz Nietzsche, porque legitimavam a existência humana. Os homens viviam seus deuses, que mostravam a vida sob um olhar glorioso.

Falemos sim de Wagner e pulamos para Nietzsche. Entendamos: Hitler presenteou Mussolini com as obras completas de Nietzsche. O Fuher mandava distribuir Assim Falava Zaratustra aos soldados nas frentes de batalha para fortalecer-lhes o ânimo. Tiravam da mochila e liam tudo aquilo que personificava seu chefe - Hitler - ele que em seu próprio livro dizia-se ser o próprio super-homem do livro do filósofo. O desprezo aos mais fracos, a teoria do poder, o culto à nobreza, são caracterítisca deste super-homem, mas a completa arrogância. Um super-homem de concepção evolucionista, onde o símio evoluindo chega ao super-homem, a influência evolucionista presente na dispensa dos conceitos de bem e do mal, que não existiriam na natureza, prevalecendo o mais forte e o mais apto em detrimento dos mais fracos e desprotegidos. Nos documentos sobre o holocausto consta ampla documentação dos cientistas evolucionistas que trabalharam pelo terceiro Reich, Nietzsche deu o arcabouço metafísico para um darwinismo nacional socialista. Diz-se que a irmã de Nietzsche, que o acompanhou nos seus últimos tempos de vida, ofereceu a bengala de Nietzsche a Hitler. Fato que acompanhado com o desenvolvimento e propaganda da ideia de raça ariana por Hitler gerou um mal-entendido acerca da pretensa associação de Nietzsche à causa nazista.

Filmes com conteúdo parecem ser os menos vistos nas salas de cinema, o que venho a lamentar a cada dia que passa. Pude notar, logo que entrei na sala de cinema, onde apenas três senhores de idade, superior a 30 de meus 22 anos estavam sentados. Sentei-me, e pude ver mais pessoas de idade chegando antes de o trailer do filme “Anjos & Demônios”, baseado na obra de Dan Brown e dirigido por Ron Howard dar inicio, partindo assim para o filme da sessão. Emfim, o filme se deu início, e os únicos jovens da sala eram eu e uma amiga que me acompanhou. Fica a pergunta: jovens se interessam por filmes com conteúdo?

O diretor Bryan Singer fez o filme como uma grande ópera, com seus atos postos no lugar, e sem muito apelar, o filme se mostrou fiel a história e com atuações excelentes. Ao final do filme, Tom Cruise interpretando Claus Stauffenberg: - "Vida Longa para a sagrada Alemanha!" nos dá o impacto merecido. Um filme que nos faz pensar, e não apenas apreciar.